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Tudo menos o silêncio: os carros elétricos deverão fazer barulho

17-12-2018

Por si só isso soa um pouco estranho. Há décadas que o tráfego rodoviário é alvo de queixas devido ao seu nível de ruído e do estresse que isso pode provocar. E agora que os carros elétricos circulam quase que sem produzir som, as pessoas ainda reclamam. E agora os carros elétricos devem fazer mais barulho. O que parece ser um paradoxo tem, contudo, um fundamento sério.
 

Os carros elétricos são famosos por circularem quase sem fazer barulho. Isso pode se tornar um problema no tráfego rodoviário, especialmente em velocidades reduzidas, caso os pedestres e ciclistas não percebam a aproximação dos carros porque não os ouvem. É por esse motivo que a partir de 2019 os carros elétricos não podem mais circular silenciosamente na União Europeia: desde 1º de julho de 2019, os automóveis elétricos e os veículos híbridos têm que emitir um alerta sonoro em velocidades inferiores a 20 km/h e em marcha à ré. É isso que previa um novo regulamento da UE. Em velocidades mais elevadas, os ruídos de rolamento dos pneus se tornam altos o suficiente para que possam ser ouvidos sem um alerta sonoro artificial.
 

A União Europeia e os Estados Unidos querem carros elétricos “barulhentos”.
Os sistemas que emitem um alerta sonoro em velocidades reduzidas em carros elétricos são designados por “AVAS” (Acoustic Vehicle Alerting System). De acordo com o Parlamento Europeu, esse alerta sonoro deve se basear no ruído de um carro com motor de combustão interna da mesma classe de veículo. A Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa demonstra, no respectivo site, como esse aviso soa.
O problema com a segurança rodoviária dos carros elétricos silenciosos é conhecido em todo o mundo. Nos EUA, os sons artificiais dos carros elétricos são alvo de atenção já desde 2010. No entanto, levou oito anos para que o U.S. Department of Transportation aprovasse uma nova lei em fevereiro de 2018: veículos “silenciosos”, ou seja, carros híbridos e elétricos, têm que emitir um som de alerta em velocidades de até 30 km/h a partir de setembro de 2020, a fim de evitar acidentes envolvendo pedestres, ciclistas e deficientes visuais. Já a partir de setembro de 2019, ou seja, um ano antes, os fabricantes de automóveis têm que oferecer esses sistemas em 50% dos seus automóveis elétricos.

 

Como funcionam os “Sistemas AVAS”
Mas como funcionam os sistemas AVAS? Hugo Fastl, professor da cadeira de Comunicação Homem-Máquina da Universidade Técnica de Munique (TUM), explica: “Em primeiro lugar, temos um ruído de fundo ao qual atribuímos uma frequência de som. Frequências muito baixas não se irradiam com facilidade. Para isso, os alto-falantes no carro têm que ser muito grandes”. No entanto, como as pessoas mais idosas muitas vezes não conseguem mais escutar as frequências altas, os sistemas AVAS utilizam a faixa de frequência média.  
De acordo com o especialista, a frequência de som deve desempenhar um papel especial no design acústico dos carros elétricos. Por meio do ajuste da frequência do som, é possível perceber de forma mais intuitiva se o veículo está acelerando ou freando.
A propósito, os alertas sonoros do carro elétrico não significam necessariamente que o tráfego rodoviário se torna mais ruidoso. O Prof. Fastl sugere a combinação com sistemas modernos de assistência ao motorista: “Haverá cada vez mais carros com detecção automática de pedestres no mercado. Sugerimos que os sons dos veículos elétricos somente sejam emitidos quando houver algum pedestre por perto”.

 

Mais informações sobre o tema podem ser encontradas aqui