As baterias normais de uso doméstico contêm substâncias nocivas e perigosas para o meio ambiente, tais como, chumbo, mercúrio ou cádmio. Por esse motivo, não podem simplesmente descartá-las no lixo doméstico. Na maioria dos países, existem várias opções para quem se quiser ver livre das baterias e pilhas usadas. Por norma, as baterias e pilhas usadas podem ser entregues gratuitamente nos supermercados ou em centros de reciclagem. Por sua vez, no caso das baterias de iões de lítio dos carros elétricos, isso já não é assim tão simples. De facto, atualmente, já são descartadas grandes quantidades de baterias de motores ou de simples baterias recarregáveis usadas.
A maioria dos fabricantes de automóveis recomenda a substituição das baterias dos carros elétricos após 8 a 10 anos; alguns até mesmo após 15 anos. Uma vez que a mobilidade elétrica apenas cresceu significativamente nos últimos anos, é de esperar que a temática do descarte das baterias usadas apenas atingirá o seu pico nos próximos anos. Contudo, hoje em dia, as empresas de gestão de resíduos já enfrentam uma procura elevadíssima. “Nunca pensámos que seriam acumuladas tais quantidades em tão pouco tempo”, admitiu recentemente o gerente de uma empresa de reciclagem, em nome de toda uma indústria. Entretanto, são inúmeras as empresas que estão a investir na reciclagem de baterias.
O que acontece às baterias de iões de lítio usadas? Por norma, existem duas possibilidades: a reciclagem das matérias-primas contidas nas baterias e a reutilização das baterias de iões de lítio descartadas.
O ADAC calcula que uma bateria com aproximadamente 400 kg de peso, com uma capacidade de 50 kWh, contém cerca de 6 kg de lítio, 10 kg de manganésio, 11 kg de cobalto, 32 kg de níquel e 100 kg de grafite. Para reciclar as matérias-primas, são utilizados diferentes métodos. O objetivo comum é alcançar uma taxa de reciclagem o mais elevada possível. “Um processo de reciclagem é eficiente se permitir recuperar, pelo menos, 90% dos elementos-alvo, tais como grafite, lítio ou cobalto”, como partilhou o Prof. Bernd Friedrich, especialista em reciclagem da Universidade RWTH em Aachen, com o Automobilclub.
Por norma, os processos de reciclagem começam pela desmontagem manual do sistema de bateria de iões de lítio. De seguida, são executados outros passos, tais como a triagem, a trituração e a fusão térmica. De acordo com o nível tecnológico atual, a maior parte dos materiais já pode ser reciclada, atualmente. Contudo, alguns passos do processo ainda consomem demasiada energia e são muito dispendiosos.
Inúmeras instalações-piloto assumiram a responsabilidade de tornar os processos mais eficientes. O grupo Volkswagen, por exemplo, definiu uma meta ambiciosa de longo prazo: o grupo de Wolfsburgo pretende reciclar 97% de todas as matérias-primas. Com uma instalação-piloto em Salzgitter, este número deverá atingir os 72% a partir de 2022.
Além disso, e dado que nenhum processo de reciclagem é 100% isento de materiais residuais, a reutilização das baterias é uma opção interessante — sendo também conhecida como o método “Second Life” (segunda vida útil). Nesse caso, as baterias continuarão a ser utilizadas na operação estacionária. A reutilização também é particularmente adequada devido ao facto de a maioria das baterias ainda possuir um teor de energia de 70 a 80% da respetiva capacidade original, no momento de entrada no centro de reciclagem.
Uma vez que as baterias estão sujeitas a muito menos carga durante uma operação estacionária, podem ser utilizadas nesse contexto durante mais de 10 anos. As baterias de iões de lítio usadas podem então ser utilizadas em ambientes domésticos particulares ou em aplicações industriais.
Contudo, mesmo as baterias às quais tenha sido concedida uma segunda vida útil, terão de enfrentar, em última análise, a reciclagem.